Antônio Jose
DJ Antônio José, o Lobo.
Nasceu em 11 de setembro de 1970 e morreu em 17 de setembro de 1996 em um acidente automobilístico. Um dia depois o carro do Corpo de Bombeiros atravessou São Luís levando Antônio José Pinheiro Silva, o Lobo. No longo trajeto entre o bairro do São Francisco e o Cemitério Jardim da Paz, no Maiobão, milhares de pessoas alinharam-se nas calçadas e acostamentos, acenando, gritando ou vertendo lágrimas. Antônio José não era Coronel, Deputado, Ministro, Jogador de Futebol ou artista de TV. Era DJ de Reggae, profissão pouco conhecida e nada nobre, mas isso apenas aos olhos da elite maranhense. Para massa regueira, formada principalmente pelos excluídos, era um adeus emocionado e muito justo a um dos mais emblemáticos personagens do reggae do Maranhão.
Antônio José era um cara bacana, estava sempre de bem com a vida. Começara bem moleque tocando no Clube Quilombo, onde mexia com discos de vários gêneros, e não apenas reggae, o que de certo contribuiu na variedade instigante de suas sequências. E foi ele um dos primeiros a encarar o público de frente, no momento em que os equipamentos de amplificação e controle passaram a ser colocados em mesas, e não mais nos móveis monolíticos, que forçavam os DJs a trabalharem de costas. Suas performances incluíam cantorias, refrões gostosos feitos no improviso e até scattings, à moda dos melhores da Jamaica. Uma de suas criações, Menina Linda, pontuada sobre a música Reggae Machine de Willie Lindo.
Naquele dia triste, quando o caixão do Lobo desceu à sepultura, coberto pelas bandeiras do Brasil e da Jamaica, salpicado por responsórios, fotos, camisas e outras lembranças atiradas por familiares, amigos e fãs, caía definitivamente a ficha de que o reggae no Maranhão era bem mais do que coisa da negrada, dos salões de periferia e clubes de chão batido. A massa regueira já havia dado prova de força elegendo um Vereador, mas ali, chorando sentida, mostrava que também era capaz de fazer um herói.