EXPLOSÃO FEMININA
Apesar de algumas pioneiras como Hortense Ellis terem
gravado discos inteiros (os quais são considerados históricos) muito antes das
mulheres “estourarem” para o mundo, a voz feminina no reggae começou a se
difundir de fato através da delicadeza dos backing vocais. Isso se deu
principalmente através das I-Threes, trio vocal formado por Rita Marley, Marcia Griffiths e Judy Mowatt,
e que acompanhava nada mais nada menos que o ícone Bob Marley. Rapidamente, o
que se restringia aos "backs" das composições de Bob Marley & The Wailers se
tornou voz principal de carreiras bem consistentes, estimulando outras mulheres
a acreditarem que era possível. Este estímulo acabou causando o que chamamos de
“explosão feminina” no final dos anos 70.
JUDY MOWATT: FORÇA QUE ABRIU PORTAS
Como prova desse sucesso, pode ser citado o clássico LP “Black
Woman” de Judy Mowatt, que foi o primeiro disco cantado e totalmente produzido
por uma mulher, além do seu disco “Working Wonders” que foi o primeiro álbum de
reggae feito por uma mulher a ser nomeado ao Grammy (1985), que acabou indo para
as mãos de Jimmy Cliff com o álbum “Cliff Hanger”. Judy alcançou ainda a marca
de ter sido a primeira mulher vocalista de Reggae a alcançar um hit nas paradas
americanas com “Love is Overdue”. O tempo foi fixando a voz feminina no reggae,
que hoje se encontra acima do bem e do mal, porém ainda com poucas
representantes.
A fórmula utilizada pelo “messias” da coisa, Bob
Marley, continua predominando: vocal masculino, pegada imponente do reggae roots
e para contrastar, a doçura e delicadeza dos backing vocais femininos,
geralmente repetindo trechos do vocal principal. Este formato hoje é comum e
seguido por grandes nomes desde a África com Alpha Blondy e Lucky Dube, Estados
Unidos com Groundation, Japão através de bandas como os Moodmakers, e até na Jamaica com dezenas de
artistas da velha guarda como U-Roy e John Holt aos mais recentes como o grande
Luciano.
AS MULHERES PELO MUNDO
A qualidade do trabalho destas divas tem uma carência de
divulgação no Brasil, o que pode ser provado pela ausência de shows dessas
mulheres que fazem turnês por todo o mundo, mas não passam por terras
tupiniquins. Recentemente foi dado o primeiro passo para a mudança com a vinda
de Dezarie, das Ilhas Virgens. O inconfundível agudo e delicadeza de sua voz no
meio de um pesado instrumental foi um sucesso tão estrondoso, que conquistou até
públicos de outros estilos musicais. Isso é sempre válido, já que essas pessoas
que antes não conheciam a essência do reggae, passaram a ter mais interesse e
conseqüentemente tiveram acesso à cultura por trás de todo esse movimento.
E nessa "sensível" invasão o Brasil não fica de fora, tendo como
principais representantes as belas e talentosas Anamaria Ribeiro e Vilma Helena
Ribeiro do Namastê, Aline Duran, Soraia Drummond (que já gravou na Jamaica com
grandes nomes), Dacal, cujo álbum foi considerado pioneiro em Dub Poetry no
Brasil, Molly Rose, que mesmo sendo americana é vocalista da banda brasileira
Red Meditation, dentre outras não menos importantes. Então atenção mundo
machista: deixe cair por terra os bobos preconceitos contra o "sexo-nada-frágil"
e se rendam à sensibilidade e capacidade da mulher no trabalho, nos esportes, no
reggae e na VIDA.
Prestando uma singela homenagem, leia abaixo um trecho
da música “Reggae e Flores” da banda Unidade Punho Forte (RJ).
“Reggae e Flores” - (Unidade Punho Forte)“Admiração e
outros sentimentos me conduzem a dizer / A razão porque desta canção reggae foi
feita só pra você / Ser que gera o homem e o amamenta tens poder que Deus te
dera / Parabéns pro bendito ser mulher, reggae e flores pra vocês mulheres”.
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O reggae é uma vibração em sintonia com o coração do regueiro!!!!!.